«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

domingo, 7 de agosto de 2011

bala número treze

não perguntes pelo dia de amanhã, quando sabes que o mesmo Sol irá nascer exactamente
como hoje, atrás das nuvens e como
espadas de aço as rasgará, sem pedir, sem hesitar, em silêncio

e assim, deixamos as marcas dos pés na areia, impiedosos pés que destroem
torres imaginárias onde guardamos os sonhos nocturnos, são
agora as aves que voam alto no azul e nele mergulham eternamente, resta-nos
o seu último canto

não digas da estrada que começa, no preciso sítio onde pousamos
as velhas malas que carregamos, onde deixamos
que o vento embale o pensamento em orlas de pecado

e amanhã, um mesmo dia nascerá

1 comentário:

  1. é fácil perceber, pela leitura deste texto, as razões que te levaram a designar esta série como "balas" [belas].
    beijos!

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