«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

terça-feira, 16 de março de 2010

I
Caíram todas as letras,
Sem que nenhuma escrevesse,
O teu nome na areia.

E tu bem sabes porquê.

II
Falaram todas as vozes,
Sem que nenhuma pronunciasse,
O teu nome na multidão.

E tu bem sabes porquê.

III
Ressequidos ficaram os braços,
Sem força para abraçar,
O teu beijo deserto.

E nós sabemos bem porquê.


Fotografia de Laura Alberto

1 comentário:

  1. Que inspirada estavas neste texto, Laura!
    Por que razão as frases com forma negativa são sempre singulares e projectadas sobre o "eu"? Porquê? Só nós, os poetas, o sabemos...

    Beijinho!

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