entras aqui a fazer de conta que estás muito doente
que carregas um mal que não pode ver, mas que se irá remover
como uma nódoa na toalha de Natal
como uma pulga no lombo de um cão sarnento
não choras, não falas, não te lamentas
esboças um sorriso, ensaias um aperto de mão
indico-te o colchão onde irás dormir, pelo menos tentar
como que à queima-roupa pergunto-te se tens alguém
olhas para o vazio do tecto enquanto percorres os dedos da mão esquerda
colocas os cinco dedos bem abertos, bem em frente aos meus olhos
e num repente fechas a mão, que guardas no bolso
viro costas e enquanto abandono a sala digo-te:
o teu tempo, a mim pertence agora e está contado até ao mais ínfimo segundo
olho por cima do ombro e descubro-te a dormir
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