«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

estilhaço número VI

os sonhos que se guardam
aqueles que fazem chorar
aqueles que nos deixam em claro
aqueles que deixamos cair
e aqueles que teimamos agarrar

as palavras que se aprendem
como são difíceis no primórdio
como se tornam fáceis no último sopro
como perdem o seu sentido
como ganham novos significados

e essa palavra
que vou apreendendo, dia após dia
escrevo-a com mão tremula
humedeço-a com o olhar
deixo que cresça nos gritos surdos

e estes dias cinzentos
que fogem e correm
de mim, sem mim
que se cumprem frios e solitários
entre sorrisos, verdadeiros e falsos
entre bom dia e até logo

este tempo que não me pertence
e que fora de mim

se ausenta do meu ser

3 comentários:

  1. Lindo demais! "este tempo que não me pertence e que fora de mim se ausenta do meu ser". Fazia tempo que não passava por aqui e tinha me esquecido da sua capacidade de conseguir descrever as sensações mínimas e máximas que sentimos no dia-a-dia de nossas vidas.

    Bjos!

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  2. O tempo é cada vez menos meu...

    Gosto muito do seu tempo, Laura!

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  3. Poema forte e excelente.
    Gostei, como sempre.
    Laura, tem um bom fim de semana.
    Beijo.

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