«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

desAlinhados

IV
de que me servem os sorrisos que me observam do outro lado da rua
de que me servem as palmadinhas calorosas que me dão nas costas
de que me servem os teus olhos apagados nestes dias negros
de que serve a tua voz do outro lado se não sei qual a forma do teu rosto

ao que parece estou condenada a caminhar entre sombras familiares que espreitam do outro lado da porta
não atendas o telefone quando te ligar

3 comentários:

  1. li todos os "desalinhados" e gostei muito!

    Beijinho, Laura

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  2. é assim mesmo: incógnitos entre rostos (restos? rastos?) familiares. o homem é a sua vontade e a sua solidão.
    beijinho!

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  3. mas há um certo reconhecimento nesses rostos incógnitos...

    Beijinho carinhoso, Laurinha!

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