«Escrever não é agradável. É um trabalho duro e sofre-se muito. Por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não escrever: sinto-me perdido. Se não escrever, sinto que a minha vida carece de sentido.»
de Paul Auster
"Saber que será má uma obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. […] O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou não me basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida."
de Bernardo Soares

domingo, 9 de maio de 2010

Não há barcos para Ítaca

Estou cansada deste soalho,
rangendo às nuvens que passam,
sorrateiras pelas frestas das paredes.

O toque do suor,
escorrendo pelas pernas,
provocando o tímido esmorecer.

Ergue-se o corpo,
para lá da porta fechada.
Os olhos contemplam o Azul,
enquanto o indicador desiste,
e os cavalos fogem voando.

2 comentários:

  1. Não há tensão, nem aconchego que revide as marcas da cadência... ler-te é presente a esse domingo!

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  2. e mesmo que os haja (barcos para ítaca), ulisses regressou, à revelia das dificuldades. há sempre algo/alguém que nos faz regressar... nem que seja a nós mesmos...
    beijinho!

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