debaixo da copa dos carvalhos fugirão pardais de asas partidas
rasgando o azul do céu e deixando-o a sangrar sobre as nossas cabeças
desconfio, alguém se esqueceu de nós
e cá ficamos, entregues, parados, a correr
fugindo dos dias, perseguidos pelo passado, à procura do inútil amanhã
no ventre da terra, cortada pela lâmina do coveiro
as borboletas vão cair, leves, esqueletos sem ossatura
[alguém roubou as nossas asas]
o vidro filtra a mentira
e nem a verdade invade o olhar
pois a cegueira é a sombra que caminha nas costas dos homens